você faz falta.

você faz falta. 
a gente era incrível junto. todo mundo falava e a gente também achava. você sabia o que eu tava pensando com um olhar e sentia quando tudo que eu precisava era fugir pra não desabar na frente de todo mundo. 
a gente ria junto. eu te mandava milhões de milhares figurinhas por minuto até você não aguentar mais e ameaçar não me responder mais, mas óbvio que você não me largaria. a gente era tudo junto. e então a gente pensou em ser junto de outro jeito.
um beijo. dois beijos. infinitos beijos. noites viradas conversando. ligações por varias horas. era perfeito. até que deixou de ser. 
foi sútil, lento e doloroso o processo. os dois sabiam. a gente nunca devia ter saído da amizade. os assuntos acabavam rápido, o silêncio era constrangedor e os beijos quase que como assustados. mas a gente insistia mesmo assim, porque simplesmente não dava pra se deixar. não dava pra te deixar. até que deu. não dava mais. e essa foi a deixa. 
as conversas seguintes foram estranhas e imparciais. as figurinhas não podiam mais ser mandadas tão ao aleatório pra não correr o risco de parecer uma indireta. eu não conseguia te cumprimentar porque um beijo na bochecha parecia inadequado de todas as formas possíveis. tudo era raso e forçado, e o que eu mais gostava na gente era o quão naturalmente a gente podia estar falando uma hora sobre super heróis e outra dos nossas maiores traumas e medos. a gente simplesmente não era mais a gente. 
você faz falta. e o pior de tudo é você ainda tá aqui, online, acessível e presente, me lembrando constantemente da merda gananciosa que eu fiz por arriscar te perder. 
e eu perdi.

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