Contos de uma paulistinha #2: Vomitou.

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Num boxe do banheiro. Chorando. Não porque eu sou orgulhosa, eu chorei lá fora na frente dele também, só precisava chorar com mais liberdade um pouco. Eu realmente não quero voltar lá, estou pensando em usar o dinheiro que eu ganhei para pedir um taxi, mas acho que essa não seria a decisão mais assertiva a se tomar. Me pergunto o que eu vou fazer, mas percebo que a pergunta certa é "O que eu posso fazer?" e me sinto pior ainda: nada. Eu acho que não posso fazer nada. Quer dizer, poderia sair daqui e dar um soco na cara de todo mundo que eu ver, pedir para minha mãe me buscar ou simplesmente atuar, dar uma de Melanie Martinez em Dollhouse e colocar minha máscara. Eu me machucaria? Com certeza, mas acho que no fim não machucaria mais ninguém. Não agora.
Meu choro diminui um pouco, agora parece mais o cansaço de uma sexta-feira a noite depois de uma semana corrida: quem me dera se fosse só isso.
Minha mente está explodindo, as últimas informações sobre traição e pensamentos doentios me assustam. "Eu estou certa, não estou? Eu não sou a problemática aqui." é o que eu fico me dizendo. Sempre fugi de relacionamentos abusivos, eu tenho opiniões próprias, mas eu sempre fui de priorizar a felicidade dos outros, não a minha, então acho que só vou sair e sorrir. "Só faltam mais uma hora e meia mesmo." tento me convencer.
Então paro o choro e desisto de ir embora ou dar a louca, vou fingir. Fingir para não magoar. Fingir para ele. Mas não fingir para mim, porque no fundo eu sei que posso enganar todo mundo, menos eu mesma. 
Saio do boxe do banheiro, mas minha mente ainda está chorando lá dentro. Lavo o rosto. Alguns olham, mas ninguém parece realmente se importar, assim como as pessoas que me viram lá fora desabando. Às vezes me permito olhar nos olhos delas e tudo que eu quero é que uma delas pelo menos percebam que meu olhar pede ajuda, minha boca pode dizer que não, mas eu quero. Eu quero que uma delas me tire daqui, e o mais rápido possível. O problema é que nenhuma delas percebe meu grito de socorro, e se percebe só o ignora. Será que eu já fiz isso antes?
Seco meu rosto e me preparo para sair. Inspira. Expira. Sorri. Por que que eu não ganhei o papel principal naquela peça mesmo? Ah é, minha amiga também queria ele.
Olho lá fora e vejo ele. Sorrindo. Como se nada tivesse acontecido. Despejou tudo em mim. Vomitou. Como se eu não tivesse nenhum problema na minha vida e agora me olha sorrindo. Muito fácil, não é?
Logo chegam os outros, devem perceber meus olhos inchados, só não devem se importar mesmo, nunca me amaram como disseram que faziam. Estavam lá sendo superficiais: "Nossa como você está grande.", "Você viu o lançamento do novo Iphone?", "Gente, o que é o novo cabelo da Kylie?". Mas o pior é que eu estava lá dizendo "Obrigada", "Foi incrível né?" e "Nossa eu amei, queria o meu daquele jeito.".
Ai, como eu sou uma idiota.

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